quarta-feira, 9 de abril de 2008

Livros que não lemos para o Rap

Na infância, como a maioria das crianças, eu não gostava de ler, mas acabei desenvolvendo esse gosto lendo gibis. Caixas e caixas guardavam as historinhas da turma da Mônica (personagem dos quadrinhos de Maurício de Souza) em baixo da minha cama (agradeço muito aos meus pais por isso).
Com o tempo passei para as revistas adolescentes (Capricho, Querida, Atrevida), os livros obrigatórios da escola (“Dom Casmurro” de Machado de Assis de Machado de Assis, “Senhora” de José de Alencar, “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões). Em seguida lá pelos 10 anos de idade passei a ganhar livros ainda infantis, mas que tratavam de assuntos sérios como preconceito, sexualidade e drogas.
Por fim acabei desenvolvendo um prazer pela leitura, gostar de ler simplesmente, ter aqueles momentos só meus eram, e ainda são, alguns dos melhores momentos da minha vida.
Mas por que ao frequentar as rodas do rap nunca ouço alguém perguntar: “Meu, tu já leu o livro “tal”? Os assuntos são sempre os clipes de rap, as produções, os discos, as fotos, as roupas, as minas, os caras, mas nunca a literatura...
É comprovado cientificamente que ler desenvolve as múltiplas inteligências, como:
1.lingüística ou verbal (capacidade compreender, criar e interpretar textos de diversos gêneros, bem como a facilidade de inventar, criar e dar sentidos a palavras novas nos textos produzidos);

2.inteligência sonora ou musical (capacidade de compreender, transformar e a apreciação de sons de formas diversas gerados por instrumentos musicais ou não, assim como seus tons e timbres, destacando o interesse pela transformação de letras musicais ou mensagens em paródias, ou composição de rap’s, dentre outras.);

3.inteligência interpessoal (capacidade de entender o outro, assim como discernir e discriminar as próprias emoções);

4. inteligência cinestésico-corporal (capacidade comunicação através das mímicas, das magias, das danças, dos dribles de atletas como Pelé ou Garrincha dentre outros gênios).

Quer mais vantagens? Então toma: Segundo estudiosos, existem três objetivos distintos para compreender a importância do hábito de ler: por prazer; para estudar e para se informar. Uma pessoa que lê e escreve com freqüência possui um cérebro mais “desenvolvido”, no sentido de ter idéias rápidas, saber falar e se expressar melhor e ter estimuladas as capacidades críticas e reflexivas!

Quer mais motivos para quem escreve qualquer tipo de letra, mas principalmente de rap, se dar ao trabalho de ler pelo menos um livro por mês? É muito? Tudo bem, um a cada dois meses? Ainda é muito?! Bom, um por ano que seja, mas os jornais (Zero Hora, Diário Gaúcho, Correio do Povo), revistas (Veja, Isto é, Piauí, Rap News, realmente custam caro mas várias disponibilizam o conteúdo on line) e a internet (sites de notícias: Terra, G1, UOL) é tudo muito fácil, dá uma passadinha nesses sites quando for conferir os teus e-mails para saber as datas das baladas, e os teus recadinhos no ORKUT.
Como sugere William Irwin em “Hip Hop e a Filosofia”(coletânea de Derrick Darby e Timmie Shelby), por que o hip hop não pode ter um quinto elemento: o conhecimento. Conhecimento este que pode ser adquirido sim com a vivência, que é a base para o nascimento do rap. Mas por que não complementar essa vivência das ruas, da favela, dos guetos, dos bailes, das conversas com as senhoras pretas da favela com a leitura, a informação, que te dá suporte e armas para lutar pela igualdade, que por sua vez é um dos principais objetivos do rap.
Deixo aqui esta sugestão e algumas dicas de livros que me foram importantes, com o tempo trago outras sugestões. E caso tu tenha alguma dica de livro que de alguma maneira pode contribuir, por favor mandem pra mim... Terei prazer em publicar!

Livros:
*GALEANO, Eduardo. As Veias abertas da América Latina 30 edição. tradução de Galeno de Freitas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
Eduardo Galeano retrata como as nossas nações sempre foram saqueadas e nossos povos, explorados e oprimidos. A razão da nossa miséria estrutural é histórica, decorrente da colonização espoliadora da Espanha e de Portugal, da expansão capitalista da Inglaterra e da hegemonia imperialista dos EUA. Esse livro é uma sugestão para todos possam conhecer uma outra face da história da América Latina, especialmente, em relação aos negros e índios.

* IRWIN, William. Hip hop e a filosofia. São Paulo: Madras Editora, s/d.
Nesta obra uma extensa relação do com a Filosofia mostra que o hip hop NOS OFERECE muito mais reflexões do que possamos imaginar...

* BARCELLOS, Caco. Rota 66: história da polícia que mata. São Paulo: Globo, 1993.
Talvez o melhor livro jornalístico escrito por um brasileiro. De suma importância, esclarecendo às pessoas o que realmente aconteceu com o povo brasileiro diante da ditadura.

* TARABORRELLI, J. Randy. "A Magia e a Loucura"
Pedófilo ou não, não há uma resposta definitiva nas quase 700 páginas da extensa biografia do ícone Michael Jackson, mas o autor, íntimo do mundo das celebridades, não deixa dúvidas - Michael Jackson é uma pessoa extremamente perturbada. Resultado de 30 anos de pesquisa e centenas de entrevistas, várias com o próprio Michael - embora se trate de uma biografia não- oficial -, o livro de J. Randy Taraborrelli faz um histórico detalhado da carreira do astro e principalmente de seu histórico pessoal e familiar. A edição que chega ao Brasil é a versão mais atualizada da biografia, que saiu pela primeira vez nos EUA em 1991. Taraborrelli passou mais de 30 anos em pesquisas e entrevistou, além do cantor, centenas de fontes. "Não levei 30 anos para escrever o livro, levei 30 anos vivendo-o. A última vez que o atualizei foi no final de 2004, pouco antes do início das sessões do último julgamento."


Fontes:
http://www.mundoeducacao.uol.com.br/
http://www.projetomemoria.art.br/
http://www.traca.com.br/
http://www.folha.uol.com.br/
http://www.resenhando.com/
http://www.filologia.org.br/

** Texto publicado no site Adversus (http://www.adversus.com.br/)

2 comentários:

Tio Scooby disse...

Grande Carolina, ótimo texto!
Só passei para deixar duas sugestões que, por sinal, não podem deixar de passar pelos olhos de quem escreve letras, tem uma grife, produz ou desenvolve qualquer outra atividade que lide com o público.

A arte da guerra - Sun Tzu
O Príncipe - Maquiavel

Este segundo, sugiro aos grandes fã e amantes de Tupac Amrau Shakur, para que, quem sabe, possam entender melhor as idéias do rapper e não só suas batidas e atitudes, para com a sociedade.

Valeu o espaço, "tamo" junto!

Scooby

Tio Scooby disse...

Retificando - Tupac Amaru Shakur